quarta-feira, 23 de abril de 2014

Dieta sem creme

Numa destas tardes, num dia comum de trabalho, entre mail´s que insistem em assinalar a presença pela côr vermelha no ecrã (que nos monopoliza horas e horas de vida), e entre o som, de tenacidade inesgotável, do telefone mesmo ali à nossa frente, eis que a minha colega exclama: - bom, está na hora do almoço. Vou fazer uma pausa, e a seguir presentear-me com uma bola de berlim... sem creme, porque comecei a dieta...

Bom depois disto, confesso que fiquei um bocadinho confusa. Onde residirá o maior acto de coragem? Naquela que, apesar do stress acentuado do dia a dia, ainda encontra forças, para se disciplinar militarmente e não se render à tentação  de um pequeno grande prazer, ou aquela que, consciente do esforço em manter-se sã perante kilos de pressão, não abdica de pequenos momentos, literalmente doces???

Não insisti na procura desta resposta, que muito provavelmente reside na ausência de creme na bola de berlim...


Incondicional

Fim de tarde. Sábado a anteceder Domingo de Páscoa. Algarve, Manta Rota. Tempo Semi-Primaveril; nem frio, nem calor, pequenas ameaças de chuva, frequentes rasgos de sol.
19 horas. Caminhámos ate à praia. Para ver o mar, sentir a areia, respirar Natureza. Umas vezes de mãos dadas, outras lado a lado, passeámos por ali, com km de dunas pela frente e outros tantos de mar, a perder de vista no horizonte. Nunca em silêncio. Corremos, andámos, brincámos à apanhada, marcámos pegadas, saltámos, caimos e rimos. Muito.Rimos sem censura e espontaneamente, como qualquer criança sabe e gosta de fazer. Falámos. Sobre os seus dias de férias, a reentrada na escola e sobre animais. Pardais que andavam por ali, saltitando em pulos curtos, com um nome, que desconhecia - Cartachos. Aprendi que fazem ninhos na areia e que andam sempre em pares...

O mar estava sossegado, o sol quase a desaparecer e a praia praticamente sem ninguém. Não existiam barulhos. Apenas o som tranquilo de tudo no seu lugar. Como nós, que tão bem pertenciamos ali. Mãe e filha. Uma com a outra, sem ruido. Sem iphone, LCD, Nintendo ou qualquer tablet. Só nós e o resto de tudo. Fixei-a. O brilho dos seus olhos devolveu-me a certeza que sempre tive. É incondicional.

sábado, 8 de março de 2014


Mulher

Gostemos mais de saias ou de calças, todas crescemos a querer ser princesas, um dia.

Princesas porque são delicadas e sonhadoras, como a Cinderela, corajosas e guerreiras como a Mulen. Princesas porque são dedicadas e alegres como a Bela, curiosas e apaixonadas como a Ariel. Princesas porque todas têm verdadeiros amigos e um lugar especial nas suas vidas. Princesas porque todas encontram, um dia, o príncipe encantado, capaz das mais desafiantes provas de amor. Princesas porque todas sobrevivem aos feitiços das bruxas, com dignidade e nobreza.
Princesas porque todas são capazes de sorrir nos momentos mais assustadores.

Gostemos mais de saias ou de calças, todas nos tornamos princesas um dia, porque somos Mulheres.

Parabéns a todas nós por conseguirmos pintar de côr-de-rosa as nossas vidas!


Contigo

20 anos. Para quem tem 40, são metade da sua vida. Em 20 anos aprende-se muito. Dos 20 para os 40 anos, muitas coisas mudam, fora e dentro de nós. Não tenho a certeza se nos transformamos, sei que nos renovamos. Mantemos sonhos e ambições, redefinimos prioridades. Perdemos presunção, ganhamos serenidade. Perdemos a pressa, ganhamos consciência. São 20 anos intensos. Muitas decisões, algumas decepções e muitas, muitas aprendizagens. Algumas definitivas, daquelas que repetimos aos filhos, outras passageiras, daquelas que nos fazem lembrar que nunca sabemos tudo.
20 anos, desde os 20 anos. Passámos pelos restos da adolescência, pela descoberta da condição de adulto. Errámos e acertámos. Passámos a partilhar o espaço emocional, dentro do espaço fisico. Aproximámo-nos.Distanciámo-nos. Da primeira casa, para a segunda e para a terceira. Fomos pais. Distanciámo-nos.Aproximámo-nos. Escolhemos profissões, chorámos obrigações. Conquistámos lugares. Cada um, juntos.Estranhámo-nos e voltámo-nos a descobrir. 20 anos... são muitos dias, muitas histórias. Tuas, minhas e nossas. Aproximámo-nos e distanciámo-nos.
E, quando nos aproximamos ainda mais, à revelia da rotina, damos conta que estamos juntos, mais juntos do que há 20 anos, mais apaixonados do que no início. Aproximamo-nos ainda mais, sem medo de nos distanciarmos, porque faz parte.
E assim espero continuar. Contigo.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Fada dos dentes

Mais um dente que caiu. O 5º dente.
Depressa vai chegar o momento em que vou ser obrigada a dizer a verdade. Até agora, respostas como, "a fada dos dentes tem uns pozinhos da mãe", já não serão suficientemente convicentes. Têm acontecido tentativas de confirmação, com relatos das experiências dos pares. Maior parte deles já não acredita, já sabe que a famosa "moedinha"  é colocada debaixo da almofada pelos pais. A minha filha tem vindo a oscilar entre a necessidade de esclarecer e a vontade de continuar a acreditar.Por isso, completa o relato dos pares com a sua opinião: "não podias ser tu ou o pai, porque teriam que virar a almofada e eu ia acordar..."
Sei de pais que consideram esta prática desnecessária e até mesmo, desleal. Afinal, estamos a mentir à criança, fazendo com que acredite numa história, que, mais tarde ou mais cedo terá que ser "cruelmente" desmantelada. E fomos nós, os pais, que a iludimos...
E vocês, também pensam assim?
Eu não. Eu acho que a infância é a altura por excelência da magia. Através da fantasia a criança pode conhecer e construir um mundo melhor. A criança é perita em brincar ao faz de conta. Nos seus jogos tudo e possível...
É essa crença,(não na fada dos dentes em si), mas na mensagem de que não é preciso ser visto para ser real, que me dá força para continuar, acreditando que só se eu quiser muito é que as coiss acontecem. Só se eu acreditar na fada é que a moeda aparece. Só se eu acreditar em alguma coisa, (na minha força, na minha fé) é que os meus sonhos acontecem.
E quando chegar a altura, a minha filha vai perceber que, cada moeda que lhe era colocada debaixo da almofada, transportava um bocadinho desta crença, um bocadinho desta magia... com pozinhos da mãe.
 





sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014


Antídoto
O que é que se faz naqueles dias em que nada está bem?
A côr da camisola não está bem, o cabelo podia ser liso (se tem jeitos), ou ter jeitos (se é liso), e a imagem na espelho causa cólera (exista ou não verdadeira razão para tal). Até o simples facto de estar sentada causa transtorno, porque se sente mais aquela gordurinha que, de forma obstinada, teima em aparecer. A tentativa de continuar a cruzada pelo livro também não resulta... o desejo em prosseguir rapidamente nas páginas, transforma-se em puro tédio...
O que é que se faz nestes dias?
Bom, há várias hipóteses: ou se devora (literalmente), a despensa ou o frigorífico (creio que ambos seria difícil), ou se chora convulsivamente, ou vamos às compras. Nenhuma das possibilidades é muito racional ou produtiva, mas estes momentos são angustiantes precisamente por isso, são totalmente irracionais!!! Sabemos todas por experiência, creio eu,  que ir às compras nestas alturas é altamente contraproducente: normalmente acabamos por comprar o que não precisamos, ou pior, o que nem sequer queríamos, mas, ainda assim, repetimos a façanha...
Bom, num destes dias (nenhum dos últimos três, em que as febres altíssimas da minha filha me fizeram hibernar), fiz uma óptima compra. Um verniz, castanho, com um tom equilibrado (nem muito escuro, nem  muito claro), fácil de aplicar e com um excelente preço, 2.90£.
Deixo-vos aqui uma imagem do verniz, e o site onde a localizei.
Aconselho, o verniz e a loja.
Bons antídotos.
 
 

http://missdondoca.blogs.sapo.pt/20673.html

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Amiga
Parece lugar comum, dizer-se que a verdadeira amizade é aquela que se mantém intacta, apesar de eventuais distâncias. E, de facto só parece lugar comum, porque eu sou testemunha de que esse tipo de relação existe. Eu posso dar-me ao luxo de dizer que tenho uma amizade assim. Singular, insubstituível e intemporal. Sim, intemporal... não sei precisar desde quando existe. Sei que atravessou comigo, se não todos, grande parte dos meus 40 anos. Pela infância partilhamos brincadeiras, excursões, piqueniques e férias de verão. Pela adolescência fomos companheiras de descobertas, decepções e primeiras grandes decisões. Percorremos os atribulados anos do confronto e conflito juntas. Nem sempre de acordo, mas sempre em cumplicidade. Construímos, naturalmente, vidas distintas, com vibrações próprias mas ainda assim, ligadas por um cordão emocional genuíno e inquebrável, a nossa amizade. Nos momentos de sucesso, nas horas de angústia, nos segundos de ambivalência ou derrota, nos dias de conquistas ou vitorias, estamos lá,  de uma maneira ou de outra, estamos lá.
E isso é amizade. E essa amizade tem um nome, Vanda.